Os diferentes modos de pensar de Lessa e Iamamoto

Tanto Lessa, quanto Iamamoto colocam-se como autênticos marxistas, defensores da vigência contemporânea pautados no pensamento marxista. No entanto, identificamos nos argumentos de Lessa justificativas para a negação do serviço social em quanto trabalho que ele distorce ou não compreende corretamente, alguns conceitos fundamentais de Karl Marx, para a compreensão do trabalho na sociedade capitalista. Desta forma, Lessa parece desconsiderar as conseqüências da subsunção real do trabalho no capital momento em que o trabalho é modificado, em que o próprio processo de trabalho é transformado, não somente na sua forma de execução, com a vasta aplicação da ciência e da tecnologia, mas altera-se a relação do capitalista com o trabalhador. O trabalho passa a estar subordinado ao capital; o processo de trabalho converte – se no instrumento do processo de valorização do capital. Daí podermos afirmar, que o trabalho no capitalismo só é realizado quando o capital, precisa e quando atende aos interesses do capital. Vale lembrar, que o objetivo do capital é a sua valorização, que se dá através da geração da mais-valia interessa à burguesia (classe dominante) que o trabalho no capitalismo seja entendido como produtor de produtos, porque assim se justifica a manutenção desse sistema, considerando assim o trabalho do profissional de Serviço Social uma práxis análoga como uma profissão essencialmente educativa, que atua no pensamento das pessoas, em como elas sente e compreende o mundo, por isso o serviço social é mediado pela política e pela ideologia capitalista e nas relações sociais e que é necessário convencer e/ou coagir as pessoas. Portanto Lessa refuta o que denomina de “argumento da necessidade”, que consiste em afirmar que a práxis do assistente social é trabalho porque é necessário ao capital, fazendo parte do trabalhador coletivo, categoria desenvolvida por Marx, incluindo o assistente social no trabalhador coletivo, tendo como justificativa, o “argumento da necessidade” implicaria em aceitar que todas as atividades são trabalho, pois,sem elas, a reprodução da sociedade se daria de modo diferente, e ainda, teríamos que admitir que o próprio capital é necessário à reprodução da sociedade. Afirmando que o serviço social é uma profissão típica da sociedade capitalista, e como tal, pode ser explorada pelo capitalista. Mas, sua ação incidiria nas relações sociais, entendidas enquanto complexo ideológico, logo, a atuação profissional visa mediar (influenciar ideologicamente) as relações entre os homens, e não a transformação da natureza. Por isso, o serviço social não seria trabalho. Por não atribuir transformação na natureza, por este motivo não seriam trabalho, porque não produzem um conteúdo novo da riqueza material. Estas possibilitariam ao capitalista, somente se apropriar da riqueza já produzida pelo operário. É por isso, que a práxis do assistente social - do mesmo modo que a práxis de outras profissões assalariadas - pode ser explorada pelo capital, por gerar mais-valia, e mesmo assim, não ser trabalho. Sendo assim o trabalho abstrato é uma forma típica do capitalismo, que vem crescendo com o desenvolvimento desse sistema. Assim, o fato de uma atividade produzir mais-valia a torna trabalho abstrato, mas não trabalho.
Porem segundo Iamamoto o Serviço Social constitui numa instituição que emerge e se desenvolve no interior da sociedade capitalista. Constituída e desenvolvida na dinâmica das relações sociais estabelecidas nesta. Sendo uma particularidade da mesma, por isso não está fora desta dinâmica societária, uma vez que é realizada e materializada nesta e conseqüentemente influi e participam na reprodução e materialização histórica desta ordem societária, de acordo com as características das relações sociais desenvolvidas nesta sociedade, apresentadas em contexto sócio - histórico determinados. O exercício profissional do assistente social tem caráter interventivo, pois é demandado e contratado como profissional pelo capital, com o objetivo de intervir nas manifestações da “questão social” sofridas pela classe trabalhadora. Neste contexto, destaca-se a importância do Projeto Ético Político Profissional, o qual tem o objetivo de orientar o exercício profissional, a partir de princípios embasados na liberdade e na democracia e que prima por uma ação profissional comprometida com a classe trabalhadora e não pela defesa e manutenção da burguesia, ressaltando que o Assistente Social, por está inserido na ponta final da prestação dos serviços, vê-se institucionalmente, cada vez mais compelido a exercer a função de um juiz rigoroso da pobreza, técnica e burocraticamente conduzida, como uma aparente alternativa á cultura do arbítrio e do favor, não podendo deixar que ela nos asfixie. Não temos que ser necessariamente levados ao imobilismo, a descrença, á desilusão profissional. Há que superar essa posição fatalista, como também aquelas visões idealizadas, pois nessa perspectiva, a realidade torna-se o obstáculo vista como o que impossibilita o trabalho.
Que esse não é o único encaminhamento possível para a prática profissional. Nessa mesma sociedade, com o perfil supra assinalado, existem outras forças sociopolíticas presentes, como profissionais e cidadãos numa luta em defesa dos direitos sociais conquistados e sua ampliação, pela crescente participação dos usuários e das organizações da sociedade civil na gestão dos serviços públicos. A defesa da condição profissional implica, hoje, em condições que ultrapassam o processo de construção de uma vontade coletiva majoritária, capazes de articular múltiplos interesse no âmbito da sociedade civil, que tenham no seu horizonte a progressiva socialização da política, do Estado e da própria economia.
Nós assistentes sociais, inseridos em um país com níveis extremamente elevados de concentração de terra e capital, implicando na exclusão social de amplíssimas parcelas da população, destituídas dos direitos mais elementares de sobrevivência, devemos construir respostas importantes, no que toca ao nosso campo de trabalho de maneira mais aprofundada, ampliada de modo que se torne capaz de confluir em propostas que, considerando os limites mencionados, contribuam para avançar na configuração de um a política de assistência, como um dos campos da seguridade social, ao lado da saúde e da previdência social, assegurando a prestação de serviços á população que contribua para efetivar direitos sociais tão ultrajados em todos os âmbitos sociais.

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