Meu Projeto Educacional

Porque e Para que avaliar?

Avaliação numa perspectiva construtivista do conhecimento

1. Justificativa:

O ato de avaliar sempre foi essencial a educação, desde os primórdios de sua história. Existem inúmeras definições para a palavra em questão, quanto a sua definição é medir, definir, determinar o conhecimento, ao mesmo tempo pontuar, estabelecendo conceitos, isto desencadeia uma série de problematizações e questionamentos que é o sistema avaliativo, que implica diretamente em vários fatores aos indivíduos avaliados, como o baixo desempenho, alto índice de reprovação do alunado, como também surgem outros problemas, para ambas as partes, tanto para o educador quanto para o educando, tais como, stress, fadiga, baixa produtividade nas atividades docentes, aproveitamento insatisfatório, por tanto, é dado ênfase a culminância ao desenvolvimento e aplicação deste projeto, que visa a transformação e análise do processo avaliativo institucional tanto para o calendário normal, quanto ao calendário alternativo, afim de alcançar melhor excelência e qualidade no ensino. Um olhar sobre a avaliação remete-nos, necessariamente, a refletir sobre (duas) indagações básicas e fundamentais: “por que e para quê” avaliar e para quê e para onde mudar? Responder a tais indagações implica ancorar a reflexão na missão, objetivos e finalidade, do “ser e do fazer”.

Ao falarmos de Avaliação estaremos também, inevitavelmente, discutindo além dos pressupostos teórico-metodológicos, sua implicação prática, vale dizer, seu uso e seus efeitos sobre a práxis acadêmica e pedagógica, avaliações e, necessariamente, as contradições entre seu uso e efeitos esperados. Move-nos, então, o desejo de contribuir para o adensamento de debates Torna-se imprescindível compreender que não basta avaliar; é preciso melhorar. Avaliar é preciso e urgente. A compreensão da avaliação como um processo de indagações, comparações, de obtenção de informações que permite a emissão de juízos e contribui para a tomada de decisões, é fator determinante das mudanças, necessárias, para a melhora da qualidade no ensino, em especial. Neste sentido, a questão do “por que” avaliar, será sempre uma questão primeira a ser colocada, antes do “onde, como e quando.”

2. Objetivos:

Geral: Estabelecer significamente sobre a excelência e a qualidade no ensino-aprendizagem, numa visão crítico-reflexivo, atentando para a importância do ato de se avaliar.

Específicos:

· Promover uma autoconsciência da instituição, permitindo aos indivíduos que participam do processo conhecem as limitações com as quais trabalham, bem como sugere um marco na identificação na construção de uma identidade.

· Desencadear pensamento crítico-reflexivo, quanto a prática avaliativa;

3. Hipótese:

O desenvolvimento e aplicação deste projeto terá como finalidade a busca de reflexões criticas que abordem os critérios de estudo aprofundado e sistemático (docimológicos) e reflexivos que permitam a prática docente atribuir formas inovadoras e mais eficazes para o sistema avaliativo no contexto processual que faça descentralizar a excessiva e seqüencial aplicação de avaliações, e a antiga forma de pontuar, que acaba excluindo, sentenciando a capacidade do conhecimento e persuasão dos educandos, influenciando assim diretamente na prática docente.

Com todas as mudanças no processo educativo, especificamente a escola, os cuidados especiais devem ser dirigidos também à avaliação, mas o mesmo não ocorre. Avaliar tem o significado de "cobrar fórmulas, conceitos e definições já prontos" vistos em sala de aula e repetidos exaustivamente em exercícios para casa. O aluno só recebe o conceito ótimo, quando for capaz de repetir o que foi passado durante o período de "aprendizagem" e sem saber, na maioria das vezes para que sirvam tais conceitos.

Questão que recebe prontas, as memoriza não tendo se quer o tempo de questioná-las e debatê-las em sala de aula. Passa-se uma semana, o aluno nem lembra daquilo que teve que decorar. Que ensino é este? Que se preocupa simplesmente em terminar o programa, quando na maioria das vezes não conta com a elaboração e intervenção do professor? A maioria dos professores acaba recebendo tudo pronto inclusive os métodos de avaliar, deixando-o radiante sem poder refletir sobre o aluno e seu trabalho. Esquecendo-se que através deste tipo de avaliação não permite ao aluno desenvolver seu senso-crítico e crescimento como indivíduo. As ditas "provas" feitas tem por objetivo avaliar o rendimento do aluno, não desenvolve a capacidade de desenvolvimento, não facilita em nada o surgimento de homens preocupados com seu país e humanidade como um todo.

É necessário mudanças na educação, que os professores tenham consciência que a escola unida tem força para transformar. Sabemos que não é tarefa para uma só pessoa e sim trabalho coletivo e em longo prazo.

A maior resistência na mudança está na própria classe do magistério, pois quantas modificações nos foram colocadas e não tiveram resultados algum? As mudanças devem acontecer isto está bem claro. Não ficar só no papel, mas no dia-a-dia da sala de aula, promovendo a melhoria na qualidade de ensino para que o aluno possa ser promovido à série seguinte pelos seus próprios méritos. E quando a avaliação servir para mostrar novos rumos ao professor e ao ensino, orientando-os na formação de um indivíduo ativo e participante, dando-lhe capacidade e conhecimento para argumentar e questionar a sociedade que os cerca, só assim, a escola terá cumprido seu papel de disseminadora do saber e conseqüentemente democratizando o poder. O presente trabalho vem mostrar a relação entre a avaliação escolar em decorrência da utilização tradicional, como forma de mensuração dos conhecimentos adquiridos, como também, possibilitar a busca de formas alternativas, para que o processo de avaliação escolar transcorra num clima de tranqüilidade, isento de tensões, numa perspectiva de modelo de avaliação transformadora, mediante uma abordagem reflexiva, formadora, onde a mesma seja desenvolvida de forma processual, contínua e diagnóstica.

4. Metodologia:

Para viabilização do presente trabalho, usou-se como procedimento metodológico a pesquisa qualitativa, visto que a mesma se aplica satisfatoriamente aos objetivos da investigação. Além do mais, envolve o "acontecer natural" no estudo do fenômeno, defendendo uma visão holística, ou seja, considerando todos os componentes da situação em suas interações e influências recíprocas.

O tipo de pesquisa qualitativa utilizada para a coleta de dados foi o questionário estruturado, onde foi feita observação, onde o instrumental era composto de cinco perguntas dirigido aos alunos, pais e professores. Delimitou-se o trabalho em termos de amostragem, feita de forma aleatória, realizada com 18 alunos, 18 pais e 06 professores, em um universo de 90 alunos de escolas que compõem a região de Quijingue – Bahia.

Fez-se analogia entre o que as teorias propagam e a prática do cotidiano, no exercício constante de soluções para a melhoria do processo avaliativo e da aprendizagem do aluno. Estudou-se a aplicabilidade das teorias levantadas, num universo limitado de crianças do ensino fundamental, suficientes para a sustentação da fundamentação acerca do tema. Utilizou-se como base, enfoques das correntes interacionistas, cognitivistas, humanista e comportamentalista dentre outras, para sustentação teórica do trabalho apresentado.

Análise critica e reflexiva da coleta de dados

Quando dá apuração dos resultados, optamos inicialmente por uma análise sintética dos resultados coletados nas entrevistas e avaliados separadamente por grupos. Passaremos a seguir à demonstração dos resultados obtidos nas entrevistas que realizamos.

1. Resultado das entrevistas realizadas com os pais.

Na primeira pergunta questionou-se: Você orienta seu filho (a) nas atividades escolares, diariamente, ou somente, na semana de avaliações? Justifique:

Constatamos que a maioria dos pais, orienta diariamente os filhos, para que possa ser facilitada a revisão de conteúdos na semana de avaliações, também como, forma de criar hábito de estudo e identificar eventuais dificuldades.

A participação dos pais é de fundamental importância para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma significativa, pois quando os pais interagem no processo de construção dos aspectos cognitivos dos seus filhos a aprendizagem se torna significativa e a avaliação diária e processual passa ser uma prática contínua, onde o educando está a cada dia avaliando os seus conhecimentos.

Na segunda pergunta questionou-se: Para você, a nota que seu filho (a) obtém, é um reflexo de aprendizagem? Justifique:

Observa-se que a maioria dos pais acredita que a nota é o reflexo real do aprendizado do aluno. Outra parte dos pais acredita que a nota não reflete a aprendizagem total, apenas parte daquilo que retido no momento da avaliação. Já que vários fatores emocionais podem interferir na hora da avaliação.

A avaliação não deve constituir apenas um momento, mas deve ser desenvolvida em sala de aula de forma processual e contínua.

Na terceira pergunta questionou-se: Que tipo de sentimento/ emoção, você experimenta por ocasião da semana de avaliações do seu filho (a)?

Percebemos que a maioria dos pais expressa sentimento de tensão, preocupação e expectativa, com o resultado das notas dos filhos. Observamos que alguns pais têm preocupação com a auto-estima do filho em relação aos colegas.

No entanto, os pais devem incentivar os seus filhos a estudar diariamente para chegar aos dias de prova de forma tranqüila e sabedores dos conhecimentos construídos em sala de aula, assim, a aprendizagem será um processo significativo para professores, alunos e pais.

Na quarta pergunta questionou-se: Qual a sua reação, em relação ao seu filho (a), diante do resultado das avaliações?

Segundo os pais, servem como forma de avaliar o conteúdo aprendido, incentivando-os na obtenção dos resultados satisfatórios e estabelecendo cobranças mais rígidas, pela falta de atenção, quando os resultados não são satisfatórios. Os resultados positivos geram bem-estar e tranqüilidade e os negativos levam muitas vezes à repreensão.

Na quinta pergunta se questionou: Na sua percepção, o estado emocional de seu filho (a) modifica-se na semana de avaliações? Caso sua resposta seja afirmativa, caracterize-o:

A maioria dos pais não percebe alteração no estado emocional dos seus filhos na semana da avaliação. Outros verificam pequenas como: preocupação com horário de prova, com os resultados e com o tempo de execução.

2. Análise das entrevistas realizadas com os professores

Na primeira pergunta questionou-se: Qual a relação entre a nota obtida pelo aluno (a) e sua aprendizagem?

Os professores acreditam que as notas não refletem o nível de aprendizagem do aluno, mas apenas refletem a reprodução do conhecimento (memorização) e/ou saber momentâneo, que a verdadeira avaliação ocorre no cotidiano de sala de aula em resolução de exercícios e trabalhos.

Na segunda pergunta questionou-se: Existe alguma relação entre a família e o resultado obtido, pelo aluno (a), na avaliação? Explique:

Os professores afirmam que a família tem uma grande participação no processo avaliativo, normatizando, estabelecendo regras para as tarefas e do estudo para as avaliações. O processo de aprendizagem, assim como, o processo avaliativo, sofrem interferências oriundas do meio familiar.

Na terceira pergunta questionou-se: Cite fatores que influenciam no bom aproveitamento dos alunos nas avaliações.

Os professores afirmam que o bom aproveitamento ocorre mediante o dinamismo das aulas, com a utilização dos mais variados recursos, contextualizando a teoria com a realidade vivenciada pelos alunos, despertando, desta forma, o interesse dos mesmos. É citado ainda, o acompanhamento da família, o favorecimento por parte do professor no desenvolvimento da auto-estima, da autoconfiança, como fatores essenciais para uma boa aprendizagem.

Na quarta pergunta questionou-se: Cite fatores que contribuem para o baixo rendimento dos alunos nas avaliações.

Observamos que a ansiedade e a pressão exercida por pais e professores, são fatores preponderantes para a obtenção de resultados desfavoráveis, bem como, a falta de empatia por parte dos professores para com os alunos ou dos alunos com as matérias lecionadas.

Na quinta pergunta se questionou: Existe correlação ao nível comportamental, entre o aluno "bem sucedido" e o "mal sucedido'? Justifique:

Não obtivemos nenhum resultado que correlacionasse a conduta do aluno com o sucesso ou fracasso no processo de aprendizagem, talvez, por não considerarem esta relação de forma estanque, imóvel e fechada. No entanto, o aspecto emocional, interfere no processo de aprendizagem e conseqüentemente no processo avaliativo.

3. Análise das entrevistas realizadas com os alunos.

Na primeira pergunta questionou-se: Você gosta do tipo de avaliação aplicada na escola? Por quê?

A maioria dos alunos se manifestou a favor das avaliações a que submetem por acreditar que as mesmas possuem o conteúdo que é dado na sala de aula, favorecendo uma maior aprendizagem e que são compatíveis com o seu nível cognitivo.

Na segunda pergunta questionou-se: Você estuda todos os dias ou somente na semana das avaliações? Por quê?

Sentimos dificuldade em analisar os dados coletados, em função de não termos conseguido distinguir o estudar, da realização diária das tarefas. A maioria dos alunos relaciona o fato de estudarem diariamente, à imposição de normas e regras pelos pais e pela escola, assim como, a obtenção de bons resultados nas avaliações. Em raras respostas, verificamos a percepção de que o estudo diário conduz a uma aprendizagem mais eficaz.

Na terceira pergunta questionou-se: Você sente alguma coisa diferente na hora de fazer avaliação? O quê? Por quê?

A grande maioria dos alunos, no período que antecede e durante a própria avaliação, apresentam pelo menos uma ou mais manifestações de sintomas característicos dos fatores intervenientes. Observamos ainda, que alguns demonstraram autoconfiança, por perceberem a avaliação como uma tarefa diária.

Na quarta pergunta questionou-se: Você se sente pressionado em apresentar um bom resultado nas avaliações? Por quem?

A maioria dos alunos alegam que os familiares são os principais responsáveis pela cobrança destes resultados e outros relatam apenas que lhe são impostas regras e normas, com a utilização, algumas vezes, de aspectos ligados ao sistema de esforço-recompensa, que são percebidas como uma atitude natural por parte dos alunos.

Na quinta pergunta questionou-se: O que seus pais fazem quando você obtém uma "nota alta ou baixa"?

Diante dos resultados das avaliações, pertence basicamente a três categorias distinta entre si, a saber: alegria e descontentamento; alegria, descontentamento e punição; dentre os resultados satisfatório e insatisfatório.

5. Fundamentação teórica:

O sistema avaliativo escolar hoje expressa princípios e metodologias de uma avaliação estática e frenadora, de caráter exclusivamente classificatória e fundamentalmente sentencivo. Percebe-se que os estudos vêem questionando prioritariamente, pressupostos teóricos modelos e metodologias da avaliação utilizadas tradicionalmente vinculadas a determinados contextos político-sociais mais amplos. É necessária uma tomada de consciência dessas influências, para que a prática avaliativa docente do ensino, não reproduza inconscientemente a arbitrariedade e o autoritarismo que foram contestados até agora, construindo uma base sólida, um ressignificado para avaliação. Quando se é questionado aqui o ato de avaliar, deve ser levado em consideração, que não é atribuir uma nota a determinado aluno, mas apreciar, analisar capacidades, questionar, formas melhores utilizadas, mais significativas, as quais, os alunos, sintam liberdade, oferecendo maior amplitude de conhecimento sem que haja exclusão dos mesmos.

A avaliação é essencial à educação, fundamental a prática educativa, inerente e indissociável, enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Cabe ressaltar que: “Educar é fazer ato de sujeito é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo, para recriá-lo constantemente” (Gadotti, 1984). É nessas palavras que se compreenderá a que ponto a avaliação é importante e o quanto se faz necessário que se modifique o ato de avaliar. Nessa tarefa de reconstrução e reestruturação do sistema avaliativo escolar, é considerado um principio de base conclusiva de raciocínio básico e fundamental à postura de questionamentos do educador, neste contexto a avaliação torna-se uma reflexão transformadora de ações, que impulsiona as novas reflexões concretizadas, estabelecendo um processo totalmente fundamentado na interatividade, através dos quais, educandos e educadores aprendem juntos e estabelecem a busca de novos e amplos conhecimentos no ato de avaliar. De acordo, com Luckesi (1998), para fazer um diagnóstico, necessitamos de dados relevantes da realidade; por isso, necessitamos coletá-los cuidadosamente. Para isso, servem os instrumentos, sejam eles quais forem, desde os mais simples até os mais sofisticados testes padronizados. Uma avaliação não poderá ser feita a partir de quaisquer dados, inconsistentes ou irrelevantes. É necessário que sejam relevantes e consistentes. Em segundo lugar, necessitamos de qualificar a realidade que estamos avaliando ( no caso, a aprendizagem do educando), tendo por base esses dados. Essa qualificação se dará a partir de processos comparativos da realidade observada com determinados padrões de qualidade, esperados. E por último, como estamos desejosos de construir os resultados mais satisfatórios, encontrar saídas adequadas para as situações insatisfatórias, ou até mesmo tornar mais satisfatórias ainda, aquelas que já são consideradas satisfatórias.

As sentenças periódicas criam um obstáculo entre educadores e educandos na instituição de erro construtivo e de sua dimensão em busca de verdades, impedem o maior entrosamento de interação, a partir, do ponto de vista conjunto dos questionamentos e hipóteses formulados pelos alunos, no processo de ensino-aprendizagem numa maior visão do conhecimento, mas sem uma relação antagônica que levam as sentenças irrevogáveis, consecutivas e inflexíveis avaliações tradicionais.

Se considerarmos que a avaliação está em intima conexão com os objetivos norteadores da ação educativa, será indispensável à coleta de dados relativos ao progresso alcançado pelos alunos, através do processo de ensino-aprendizagem. Os procedimentos avaliativos estão interligados e intercalados, estreitamente as técnicas, instrumentos, critérios e recursos.

Não podemos negar que a idéia de prova está presente, mas cremos que isto, não é propriamente um mal, desde que, seja percebido como estimulo para o progresso como um indicador, de que não tendo ocorrido à aprendizagem, novas estratégias devem ser aplicadas. As diferentes etapas das avaliações desempenham um papel decisivo e nenhuma delas exclui o avaliador e avaliado do compromisso de ser o seu próprio agente de decisão e o responsável pelo processo educacional na instituição.

Assim, em uma proposta pedagógica como um todo e, especificamente, em uma proposta de avaliação, não poderemos dar ênfase somente as respostas certas ou erradas, mas também com relevada importância, ao como o educando chega a tais respostas, tanto as certas, quanto as erradas, isto significa:

“Considerar que o conhecimento produzido pelo educando, num momento de sua experiência de vida, é um conhecimento de superação. Aprimoram sua forma de pensar o mundo na medida em que se depara com novas situações, novos desafios e formulam e reformulam suas hipóteses.” (Hoffmann, 1999)

É freqüente, na grande maioria dos processos avaliativos encontrarmos a valorização exclusiva das respostas certas. Mas os erros são partes importantes da aprendizagem, já que expressam, em um momento especifico uma hipótese de elaboração do conhecimento, podendo, portanto, ser considerado um erro construtivo, fundamentado na formação deste.

Neste caso veremos notoriamente e claramente o efeito da compreensão de um processo de ensino e de aprendizagem e conseqüentemente de avaliação.

Por outro lado, não podemos negar que haja uma expectativa social muito grande de que um aluno seja sempre extremamente capaz de um rendimento constante e satisfatório, desde que, este seja fruto de uma construção elaborada, efetiva e consciente. Portanto, não tem sentido a instituição continuar utilizando a avaliação de forma escusa, apenas como um instrumento de classificação em detrimento de outras possibilidades mais lícitas como as dos diagnósticos, por exemplo. A avaliação exercida apenas com a função de classificar, não oferece ênfase alguma ao desenvolvimento e formação do conhecimento, em pouco ou em quase nada auxilia o crescimento dos educandos:

“O educando como sujeito humano é histórico; contudo, julgado e classificado, ele ficará, para o resto da vida, do ponto de vista do modelo escolar vigente, estigmatizado, pois as anotações e registros permanecerão, em definitivo, nos arquivos e nos históricos escolares, que se transformam em documentos legalmente definidos” (Luckesi, 1996)

O ser humano é uma totalidade afetiva, social, motora-corporal e cognitiva. Todas estas dimensões devem ter igual importância na sua formação. Portanto, numa avaliação precisa considerar essa totalidade e não apenas os aspectos cognitivos como habitualmente acontecem nos processos avaliativos, em quase todo o nosso universo escolar. Pois Para as crianças que ingressam no ensino fundamental, a escola é um mundo novo, uma novidade em todos os aspectos. Do ponto de vista da psicologia geral, sabemos que é na escola que a criança passa a sistematizar os seus conhecimentos que, em principio, eram livremente adquiridos e passa a fundamentá-los sobre certo número de regras de aprendizagem. Do ponto de vista afetivo, a ida à escola implica na separação do meio familiar, ao mesmo tempo em que acontecem novas formas de adaptação social (em razão da necessária integração a um grupo novo), distinto do meio parental.

Entre os sete e dez anos, as necessidades e desejos próprios, afloram de forma mais enfática e a motivação inicial da criança muda de foco, para satisfação do amor – próprio, desejo de agradar e curiosidades. A criança se liga mais ao grupo do que à escola em si; aceita-a, seja por interesse, pela necessidade de certa autonomia ou em função de um espaço que possibilita novas amizades. Ela está mais concentrada em si, mais suscetível a ações e reações do meio para com sua auto-imagem e auto-estima.

Durante o período de avaliação escolar, nesta faixa etária, observamos grande contingente de crianças que apresentaram sintomatologia devido às modificações de comportamento (ansiedade, cefaléia, tensão, excitabilidade, esquecimento, dentre outros); portanto é necessária a observação desses sintomas.

Como já é de conhecimento de todas as reações citadas acima, aliada ao alto nível de tensão psicológica, geradas pelas avaliações alteram o estado emocional dos indivíduos, interferindo na atenção, percepção e no desenvolvimento do raciocínio. Como obter resultados reais demonstrando o conhecimento global do aluno? Como desenvolver uma avaliação que seja reflexiva e formativa? Que aspectos devem ser considerados na elaboração do instrumental avaliativo? Que concepções os professores tem sobre a avaliação?

Iniciamos então, a questionar a forma pela qual avaliamos os alunos, utilizando testes, provas, notas exames etc..., onde é atribuído conceito ou nota.

Esta avaliação, com uma abordagem quantitativa, conduz a escola e a família a estimularemos alunos à obtenção de resultados elevados nos exames escolares.

O presente trabalho vem mostrar a relação entre a avaliação escolar em decorrência da utilização tradicional, como forma de mensuração dos conhecimentos adquiridos, como também, possibilitar a busca de formas alternativas, para que o processo de avaliação escolar transcorra num clima de tranqüilidade, isento de tensões, numa perspectiva de modelo de avaliação transformadora, mediante uma abordagem reflexiva, formadora, onde a mesma seja desenvolvida de forma processual, contínua e diagnóstica.

UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A escola existia antes do capitalismo, mas seu papel muda substancialmente a partir daí, em função da mão-de-obra para a indústria. De fato, mais do que capacitar tecnicamente as classes populares para o trabalho, a grande finalidade da escola foi a de disciplinadora, ajudando a preparar o sujeito para a ordem, o controle, a hierarquia, caracterizada pela era industrial.

A avaliação escolar colabora com este processo de dominação. O problema central da avaliação, hoje, é o seu uso como instrumento da discriminação e seleção social na medida em que assume, no sistema educacional brasileiro, a tarefa de separar os "aptos" dos "inaptos", os "capazes" dos "incapazes".

Sabe-se que a reprovação não é algo novo. Exames existem desde 2000 anos antes de Cristo. No entanto, no caráter que tem hoje, sua história é relativamente recente. Objetivamente no sistema educacional, a avaliação é hoje o instrumento de controle oficial, o "selo" do sistema, o respaldo legal para a obtenção do diploma, o qual se tornou mais importante que a aprendizagem.

A avaliação dentro de uma visão de um mundo globalizado está cada vez mais desigualitário, principalmente com os que não tiveram oportunidades de estudar ou de fazerem cursos técnicos ou profissionalizantes, porém

Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha que não tem medo do risco, por isso que recusa o imobilismo. A escola em que se pense em que se atua em que se cria em que se fala em que se ama em que se adivinha a escola que apaixonadamente diz sim á vida. (FREIRE, 2002, p.36)

A escola do presente deve trabalhar com a avaliação educacional como um processo formativo, processual e contínuo, onde o processo de avaliar seja uma via de mão dupla, onde o professor esteja analisando a sua capacidade de provocar a construção dos aspectos cognitivos dos educandos e que os alunos analisem a aquisição da aprendizagem construída de forma significativa, como pressuposto básico de nosso estudo, utilizamos como fonte de pesquisa, as quatro principais correntes, segundo estudiosos e especialistas: tradicional, comportamentalista, humanista e cognitivistas e nelas deteremos nos aspectos processo avaliativo.

Segundo SAVIANI (apud MIZUKAMI, 1986, p.26), "o professor, nesta abordagem, se caracteriza pela garantia de que o conhecimento seja conseguido, independente do interesse e vontade do aluno". Logo, avaliação é realizada visando a exatidão do conteúdo comunicado em sala de aula, o aluno é medido pela quantidade de informações que consegue reproduzir através de teste, provas, exames, etc.

Os comportamentalistas consideram a experiência como a base do conhecimento, ou seja, o conhecimento é o resultado direto da experiência. Os conteúdos transmitidos visam objetivos e habilidades que levam à competência. A avaliação consiste em constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos, quando o programa foi conduzido até o final de forma adequada.

Na abordagem humanista encontramos dois enfoques predominantes: ROGES & NEILL (apud MIZUKAMI, 1986). Ambos enfatizam o papel do aluno, como principal colaborador do conhecimento humano, o ensino é central no aluno. O professor faz papel de facilitador.

Na abordagem cognitivista a avaliação tem como fundamentação teórica a abordagem piagetiana, para qual o conhecimento é considerado uma construção contínua, onde a mudança de comportamento pode configurar a construção de uma nova aprendizagem. A aprendizagem verdadeira só se dá no exercício operacional da inteligência, só se realiza quando o aluno elabora o seu conhecimento.

Segundo Cória-Sabini: o comportamento é inteligente e internacional. Comporta-se inteligentemente é agir procurando realizar alguma coisa, assim sendo, o comportamento não é controlado por estímulos externos, e sim, pelos propósitos da pessoa que se comporta. (1986, p.14)

O rendimento do aluno é avaliado de acordo com sua aproximação a uma norma qualitativa, o controle do aproveitamento é apoiado em diversos critérios, considerando-se principalmente a assimilação e aplicação em situações variadas, onde na interação dentro e fora da sala de aula o aluno desenvolverá comportamentos desejados e será provocado a desenvolver os seus aspectos cognitivos.

AVALIAÇÃO ESCOLAR NUMA ABORDAGEM REPRODUTORA: TESTAR E MEDIR

Testar e medir estão sendo usado como o sinônimo de avaliação. Segundo HOFFMAN (1996), existe equívocos estabelecidos em relação a termos pertinentes à prática avaliativa: A expressão MEDIDA, em educação, adquiriu uma conotação ampla e difusa.

O teste é usado para verificar se o aluno aprendeu, forma de mensurar o conhecimento. Os testes são tarefas avaliativas, tendo a nota como atributo dado pelo professor. Lembramos que não há "receita" para a avaliação ideal, mas queremos ressaltar alguns pressupostos que fundamentam a avaliação transformadora.

Avaliação transformadora é aquela que contribui para o desenvolvimento dos aspectos cognitivos do aluno e que deve ser:

Dinâmica, não é estática; Contínua, não é terminal; Integrada, não é isolada do ensino; Progressiva, não é estanque; Voltada para o aluno, não para os conteúdos; Abrangente, não é restrita a alguns aspectos da personalidade do aluno; Cooperativa, não realizada somente por professores; Versátil, não se afetiva da mesma forma.

6. Cronograma de desenvolvimento:

Atividades/ meses

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro 2009

Formulação e elaboração do Projeto

Definição do tema

X

Apresentação

X

Desenvolvimento e Aplicação do Projeto

X

Pesquisa e criação de instrumentos e critérios

X

Aplicação do novo sistema avaliativo

X

X

X

X

Relatório do projeto de pesquisa

X

7. Referências:

CORIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia Aplicada a Educação. São Paulo: EPU,1986.

FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler. Em três artigos que se completam, 40ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2000.

GADOTTI, Moacir. Educação e poder: introdução à pedagogia do conflito. São Paulo, Cortez, 1984.

HOFFMAN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: Uma prática de construção da pré-escola à universidade, Porto Alegre, RS. 8ª ed. Mediação Editora.1996

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mito & Desafio Uma perspectiva construtivista. 33 ed. Porto Alegre – RS: Mediação, 2003.

KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1989. (Série pensamento e Ação no Magistério).

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação educacional: para além do autoritarismo escolar. São Paulo: ANDE, 1986.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 17 ed. São Paulo: Cortez, 2005.

MIZUKAMI, Maria das Graças Nicolette. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

MOREIRA, Marco Antonio. Ensino e Aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo: Moraes, 1983.

OLIVEIRA, VB. Avaliação psicopedagógica da criança de sete a onze anos. Petrrópolis: Vozes, 1994.

PÁDUA, Elizabete. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-prática. São Paulo: Papirus, 1991.

RABELO, Edmar Henrique. Avaliação, Novos tempos, novas práticas. 6 ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 2003.

RAPPAPORT, Clara Regina. As teorias do desenvolvimento: modelo pscicanalítico, piagetiano e de aprendizagem social. São Paulo: EPU, 1981.v.1

SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e instrumentos. 9 ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 2002.

TURRA, Clódia Maria Godoy; ENRICONE, Délcia; ANDRÉ, Lenir Cancella; SANT’ANNA, Flávia Maria. Planejamento de Ensino e Avaliação. 11 ed. Porto Alegre – RS: Sagra Luzzato, 1995.

WERNECK, Hamilton. Prova, provão, camisa de força da educação: uma crítica mordaz aos sistemas de avaliação crivada de humor e proposta. Petrópolis: Vozes, 1995.

8. Apêndices:

Formulário de pesquisa aplicado aos pais

Sexo:

Idade:

Estado Civil:

Profissão:

1 – Você orienta seu filho (a) nas atividades escolares, diariamente, ou somente, na semana de avaliações? Justifique:

2 – Para você, a nota que seu filho (a) obtém, é um reflexo de aprendizagem? Justifique:

3 – Que tipo de sentimento/ emoção, você experimenta por ocasião da semana de avaliações do seu filho (a)?

4– Qual a sua reação, em relação ao seu filho (a), diante do resultado das avaliações?

5– Na sua percepção, o estado emocional de seu filho (a) modifica-se na semana de avaliações? Caso sua resposta seja afirmativa, caracterize-o:

Formulário de entrevista aplicada aos professores

Sexo:

Idade:

Estado Civil:

1 – Qual a relação entre a nota obtida pelo aluno (a) e sua aprendizagem?

2–Existe alguma relação entre a família e o resultado obtido, pelo aluno (a), na avaliação? Explique:

3 – Cite fatores que influenciam no bom aproveitamento dos alunos nas avaliações;

4– Cite fatores que contribuem para o baixo rendimento dos alunos nas avaliações:

5– Existe correlação ao nível comportamental, entre o aluno "bem sucedido" e o "mal sucedido'? Justifique:

Formulário de entrevista aplicado aos alunos

Sexo:

Idade:

1 – Você gosta do tipo de avaliação aplicada na escola? Por quê?

2 – Você estuda todos os dias ou somente na semana das avaliações? Por quê?

3 – Você sente alguma coisa diferente na hora de fazer avaliação? O quê? Por quê?

4 – Você se sente pressionado em apresentar um bom resultado nas avaliações? Por quem?

5 – O que seus pais fazem quando você obtém uma "nota alta ou baixa"?

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